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Princesa

segunda-feira, 30 de junho de 2014

O abraço de Timor à Guiné Bissau


O abraço de Timor Leste à Guiné Bissau, passou despercebido aos Portugueses. E ao mundo político em geral. Mas não ao Povo timorense e, muito menos e em particular, ao guineense.
Porque o abraço foi bom, foi exemplar e, acima de tudo, porque foi uma bofetada para muito boa gente da área política, ele foi calado… ignorado!
Da Guiné estamos habituados a más notícias… de resto, em Portugal, só se divulgam as más notícias. Chafurdamos com o pessimismo e quase nos obrigam a ignorar o que de bom se faz.

Por cá e por lá.
Segundo Xanana, foi um gesto de gratidão para com a Guiné, e Timor enviou para aquele pequeno país, o que de melhor actualmente tem: homens e mulheres do seu povo e, com eles, o que de melhor aprenderam nos 13 anos que levam de independência ou seja, a experiência em processo de recenseamento e actos eleitorais.
Como há dias dizia Luís Amado em entrevista a RR, Xanana instalou uma autêntica Secretaria de Estado em Bissau, com o objectivo de promover todo o processo eleitoral naquele quase abandonado país da CPLP.

Os chamados grandes países “rosnaram” com a ideia e, no silêncio, Timor foi criticado… Dinheiro mal gasto, tudo vai correr mal, vai ser um fracasso… melhor ficassem em Timor… mas Xanana seguiu em frente, mantendo corajosamente o seu gesto solidário para com o sacrificado povo da Guiné Bissau.
Em Bissau, a chefiar as dezenas de técnicos e administrativos timorenses, ficou Tomás Cabral, Secretário de Estado da Descentralização Administrativa, que assumiu a representação do Estado Timorense naquelas terras de áfrica.

E foram oito meses de intenso trabalho e milhões de dólares investidos por Timor neste processo. Com as “máquinas às costas” calcorrearam montes e montanhas e, de aldeia e em aldeia, promoveram o recenseamento e, com ele, a preparação dos actos eleitorais. Com os computadores, as máquinas para emissão dos cartões eleitorais e, com elas, o espirito da solidariedade para com um povo dela bem carente, tudo paulatinamente, foi conseguido. Tudo!
E vieram os actos eleitorais, que poucos acreditavam se desenvolvessem com êxito e sem incidentes. Foram três eleições: Para o Parlamento guineense e, também, para a Presidência da República, esta com duas “voltas”…

Lemos ou ouvimos notícias? Muito poucas e curtas.
E as que houve, quase sempre ignorando o papel determinante de Timor Leste, que também teve em Ramos Horta o representante oficial da ONU naquele país.
Muitos dos que antes olharam com desconfiança e até desdém, o papel e o contributo de Timor, foram obrigados a vergar e, mais do que isso, a aprender a lição. A lição de dois pequenos países onde há gente grande, de coragem e de saber. E de querer!

Os resultados eleitorais foram rápidos e serenos. Ninguém pôde ou pode questionar a liberdade, o rigor das eleições e a verdade dos resultados finais.
Tudo foi quase perfeito e a Guiné é hoje um Estado de Direito aos olhos do Mundo.

Este sim, o verdadeiro espírito da Lusofonia e a entreajuda que deve nortear o caminho político da CPLP…
E será a Díli a receber no próximo dia 23 de Julho a cimeira da CPLP, que o Governo de Timor prepara com dedicação, afinco e entusiasmo.

Tudo isto que parece ter passado ao lado da opinião pública e publicada, mas em Timor e na Guiné, foram escritas páginas de história que ambos os Povos merecem e das quais se devem orgulhar.

Parabéns ao Povo da Guiné!
Parabéns a Tomás Cabral

Parabéns a Xanana!

 António Rodrigues

 

 

 

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