Cinismo que em nada engrandece a nossa história, a nossa cultura e, acima de tudo, em nada enobrece a mensagem a que deveríamos estar obrigados a transmitir a todos, muito em especial aos mais novos e aos vindouros. Um cinismo que nos corrói e nos vai destruindo.
Há uns tempos atrás tivemos um Ministro que se demitiu porque em pleno debate parlamentar fez sinalética obscena.
Demitiu-se.
Não havia alternativa.
Quantos não fizeram e fazem o mesmo, exactamente no mesmo parlamento? Quantos e quantos não trocam impropérios em plenos debates? Sorte a deles! Se fossem filmados e tivessem que seguir o caminho do outro, teriam que se demitir. E o parlamento quase que estaria às moscas…
Cínicos!
Hoje, fora do parlamento, vivemos situações algo similares.
Há um cidadão português, de seu nome Queiroz que, em pleno exercício das suas funções se dirigiu a representantes de uma entidade oficial em termos – por ele confirmados – que em nada abonam a dignidade e a boa educação de qualquer indivíduo e, muito em particular, de quem lidera um grupo de trabalho que representa Portugal. Exercendo as funções que exerce, tem a obrigação ética e moral de se assumir como uma referência de postura e princípios para todos. Em particular para os mais jovens.
Demitiu-se? Não!
Porquê?
Porque ainda não é político e não fez nenhuma sinalética obscena no parlamento. E não foi filmado.
Há princípios em Portugal que só a alguns políticos são exigidos… circunstâncias análogas e casos similares, noutros personagens até parece que ficam bem…ou que se toleram.
Cínicos!
Há um Presidente da FPF, infelizmente (porque da sua saúde se trata) quase sempre ausente, que tem brincado com o Povo na gestão da crise do futebol da nossa selecção. E o auge da sua brincadeira atingiu-o quando há dias afirmou não estar preocupado com a ausência do treinador no jogo com o Chipre, porque a selecção sabe jogar em “piloto automático”…
Deu no que deu. Foi uma vergonha e um escândalo!
Demitiu-se ou alguém pede a sua demissão?
Não! Porquê?
Porque não é político e não fez nenhuma sinalética obscena no parlamento…
Cínicos!
Temos um seleccionador suplente, que nunca o sonhou ser, porque enquanto treinador muito tem deixado a desejar… Há 25 anos que lhe alimentam este equívoco… na FPF!
Perdeu e, com aquele resultado vergonhoso e negativamente histórico, humilhou todos os desportistas portugueses. Teve o desplante de dizer que fizemos uma grande exibição. A quem ele queria chamar parvos?
Demitiu-se ou alguém pede a sua demissão?
Não! Porquê?
Porque não é político e não fez nenhuma sinalética obscena no parlamento…
Cínicos!
Temos um Secretário de Estado do Desporto que se envolveu, erradamente, neste processo vergonhoso dos sucessivos processos disciplinares ao Sr. Queiroz. Misturou “alhos com bugalhos” e meteu-se onde não devia. Ficou mal na fotografia. Muito mal! Nem percebeu que o homem, tal como os figos, “cairá de maduro”.
Demitiu-se ou alguém pede a sua demissão?
Não! Porquê?
Porque, sendo político, não fez nenhuma sinalética obscena no parlamento…
Cínicos!
Temos presidentes de Associações Distritais de Futebol, a começar pela de Santarém, que parece que por lá ficarão eternamente… alguns deles já com dezenas de anos de trabalho “árduo”…sim, eleitos democraticamente, claro que sim…
Como o Sr. Amândio de Carvalho, alto dirigente da FPF, que o outro diz ser a cabeça do polvo…há quantos e quantos anos o homem por ali anda em trabalho “árduo” em prol da nossa nação futebolística? Há quantos anos?!
Não seria tempo de toda esta gente dar lugar a outros? Quiçá mais novos e mais ambiciosos… para não dizer mais competentes? Não há por aqui lugar a essa moda tão actual da limitação de mandatos?
E já não abordo a questão dos milhões e milhões que movimentam. São os estágios principescos que, a pretexto de um golo que se tem que marcar ou outro que não se deve encaixar, dão azo a luxos de certeza absoluta desnecessários. Luxos e mais luxos.
Que ninguém questiona.
São os ordenados que incomodam, que envergonham e que espantam…
Que ninguém questiona.
Ao título do jornal “A Bola” de hoje, que dizia, “Não gozem mais com o Povo” eu acrescento:
Tenham vergonha!
António Rodrigues
que pena apenas um punhado de pessoas ler este texto. ficaria bastante satisfeito se mais pessoas gastassem alguns minutos com os olhos fixos nas palavras que aqui se escreveram, as quais apoio sem dúvida alguma.
ResponderEliminarOs estádios são hoje um antro de ódios e violência. Claro que são! É a guerra pela vitória. Em nada interessa o jogo, mas sim a vitória. A dinâmica das estratégias do vencedor, ao invés de merecer o melhor respeito, é objecto de peleja.
ResponderEliminarMas é assim em tudo... seja o universo social ou político. O espírito da inveja planifica a arena de combate. Faz um balizamento preciso das zonas de tolerância e da intolerância. Quando o risco é pisado, dá-se o combate, que só não é mortal, só se não puder. Ora se os gestos ou as simples palavras se transformam em objecto de contenda, estamos a ficar doentes... mentais!
Parece-me que se leva demasiado a sério este tipo de situações. Primeiro: o gesto de Manuel Pinho fez rir meio Portugal. Só se transformou no que foi por que estava na arena da contenda, em que tudo pode servir para abater. Segundo: todos os treinadores são abatidos ao primeiro deslize. Se é homem de sucessos, então sim, tudo pode fazer e dizer!
Pois sim, cínicos!
Confesso que nada sei de futebol mas o que Queirós disse passaria despercebido se não fossem as raivas e os ódios... e os interesses. Pelo que tenho visto das suas intervenções não me parece ser um mal educado, mas sim um indvíduo que não aceita que lhe apertem os calos com facilidade.
Deixemo-nos de tretas e centremos o nosso empenho naquilo que é fundamental... a construção de um país. E devemos fazê-lo sem ganâncias de protagonismo. Com tolerância, com orgulho, com coragem.
Concordo contigo Antero.E subscrevo se me permites. Abraço
ResponderEliminarNa nossa sociedade sente-se cada vez mais que as regras inspiradoras dos comportamentos, as próprias leis e o sentido global da vida individual e comunitária deixaram de se inspirar em padrões éticos de valores e decorrem ao sabor de critérios imediatistas e pragmáticos, onde se escondem intenções de alguns grupos e onde a honra deixou de ter presença.
ResponderEliminarExcelente artigo, temos de contrariar o individualismo rasteiro e premiar claramente a competência e o mérito efectivo.
Caro António
ResponderEliminarPermita-me que seubscreva e partilhe as tuas palavras.
E quanto à limitação de mandatos... foi só para autarcas!
SE publicar este comentário, porque não publicou outro meu, talvez fosse importante saber se a "farsa" daquele controlo da Adop, feito a 16 de Maio - a um mês do início do Mundial - sendo assim tão determinante, não obrigava para fazer valer a seriedade de qualquer controlo e tendo em vista que o campeonato só começava em Junho, mais um outro controlo perto do final do estágio, talvez no hotel de Cascais, nas vésperas do dia da despedida dos atletas para a África do Sul?
ResponderEliminarÉ que este aspecto é muito importante. Não pode vir o Secretário de Estado dos Desportos evocar a gravidade de atropelo a um acto científico, quuando de científico e de credível tem muuto pouco, atendendo a que tudo se resumiu a um acto de mera rotina administrativa com laivos de duvidoso e insipiente desempenho fiscalizador e ético.
Mais: dando a importância que se veio a dar mais tarde a esses conflitos no dia da recolha, qualquer entidade fiscalizadora, estaria obrigada a maior grau de exigência e rigor, para exigir e executar um segundo controlo no final desse estágio, não fosse dar-se o caso de andar por ali gato escondido com o rabo de fora. è que se assim não agiram, como é que se pode dar relevo a uma acusação de "obstrução" ao controlo da Adop?!
Era assim que agiriam os verdadeiros controladores. Todavia, e incompreensivelmente, ninguém quis cuidar de ver nas " ditas obstruções" um perigoso e suspeito acto de despistagem ou ocultação de alguma irregularidade.
Tal aspecto, foi grosseiramente desvalorizado. Logo, não colhe que posteriormente a Adop tenha "recuperado" esse incidente, não para analizar alguns eventuais desvios como lhe competia, mas para fazer um "frete" ao Secretário de Estado e usar aquele incidente como arma de arremesso pouco sério.
E é aqui que não podemos deixar de verificar como a demissão de Carlos Queiroz não pode ser avançada no seu post.
Ou estamos diante de uma cabala e não colhe como arma de arremesso, em caso algum admissível em Direito usá-la para atacar Queiroz, ou estamos a fazer crer que os fins justificam os meios.
Isto para dizer que neste caso, o pedido de demissão ou a sua própria iniciativa do pedido de demissão de Queiroz neste momento, só virá reforçar que neste país o "vale tudo" é o que comanda este país...
Contente contente ficava eu se isso fosse adiante, a FPF bem como outros organismos incluindo Estado, Associações, Municípios, Federações, etc etc. Precisam de uma lavagem a fundo, é que nem pessoas como você que vêem a podridão que existe conseguem fazer nada.
ResponderEliminarIsso de por gente nova é complicado pois os concursos que existem ou são internos ou os que entram são escolhidos.
O teu olho critico cada vez está melhor, tas como o vinho do porto!!
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