Ninguém!
É, pois, por isso importante, apontar o dedo ao que tem que ser corrigido, para que possamos levantar a cabeça e esquecer a humilhação a que alguns políticos deste país nos sujeitaram.
A Portugal não assiste só o problema da falta de dinheiro. Sendo importante o dinheiro, há outros aspectos determinantes, entre eles a autoridade e o trabalho. Aliás, são vergonhosas as expressões que vêm da Europa em que de uma forma clara e objectiva nos mandam trabalhar para sermos credores de respeito e, mais do que isso, da solidariedade que procuramos.
Porque seremos assim?
Que sina é a nossa?
Que identidade a nossa?
E a nossa História nada nos diz
É impressionante o que já fomos e o que hoje não somos.Lembram-se do Tratado de Tordesilhas? Demo-nos ao luxo de juntamente com a Espanha dividirmos o mundo em duas partes: o que descoberto estava e o que ainda faltava descobrir.
D. João II foi a referência da estratégia e da aventura calculada, com Henrique na senda dos descobrimentos.
Porque tínhamos poder e éramos respeitados. E descobrimos o mundo, onde o caminho marítimo para a índia, mudou toda a lógica da navegação mundial e a interpretação geográfica até então conhecida. Não foram só os países que hoje compõem a Lusofonia, que os lusos navegantes descobriram. Andámos, melhor dizendo, navegámos por todo o lado. E descobrimos por todo o lado.
O que fizemos em África, na América, na Índia, na China, no Japão e na Insulíndia, onde Malaca e Timor, foram símbolos da nossa capacidade empreendedora? Por todas aquelas paragens deixámos a marca dos nossos costumes, a presença da nossa língua e os laivos do cristianismo.
Fomos assim.
Perfeitos?
Não!
Mas fortes e respeitados, porque empreendedores. Não dependíamos de muitos e muitos dependiam de nós.
Hoje dependemos de muitos e poucos dependem de nós.
Inverteram-se os termos.
Não aceitamos a autoridade. Confundimo-la com a liberdade.
Não aceitamos personalidades de referência, porque para isso já bastou o antes do 25 de Abril.
Não aceitamos, assumamos isso, uma autoridade que nos governe. Confundimo-la com ditadura.
O Presidente da República não tem poderes, e os poucos que tem, para muitos serão de mais.
Os governos nunca prestam e tem constantes barreiras para governarem.
Os ministros regra geral são sempre incompetentes e assim caracterizados ainda antes de tomarem posse.
As oposições, sejam quais forem e no tempo que for, nunca reconhecem méritos a quem governa.
Fazem-se julgamentos sumários na comunicação social, qual Inquisição do séc. XXI.
São elevados a heróis os pais que fecham escolas porque faltou um auxiliar o que agridem o professor porque ralhou com o menino. Tudo isto impunemente sem reprimenda das justiça, antes consagrados como corajosos em aberturas de telejornais.
A autoridade e o respeito pelo outro, são valores cada vez menos observados na nossa comunidade. Quem os defende é bota de elástico, conservador e antiquado… fascista e ditador muitas vezes.
Por estas e por muitas outras, chegámos onde chegámos.
Repito, dependemos de muitos e poucos dependem de nós. E, os estendermos a mão para pagarmos o que devemos, mandam-nos trabalhar. Uns, dizem-no em alto e em bom tom, outros, na surdina que a diplomacia sugere…
Suprema humilhação! Suprema vergonha a herança que deixamos aos nossos filhos e netos.
Brevemente teremos eleições. Para quê?
Para quase nada!
Tudo ou quase tudo está ou vai estar decidido pelos nossos credores.
Pouco mandará o próximo governo. E, como os outros, que ainda não foi eleito, será incompetente e incapaz. Manter-se-ão as zangas e os desentendimentos entre lideres partidários. E a má educação que os tem caracterizado, onde a Assembleia da República é palco privilegiado.
E a falta de respeito por quem sofre as consequências da crise.
Porque ainda não se aperceberam que o Estado português faliu.
Miseravelmente falido.
Por causa deles.
Por culpa nossa.
E minha também.
É caso para perguntar:
Somos portugueses ou herdeiros dos portugueses?
António Rodrigues
22.04.2011