A mais pequenina

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Princesa

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Portugueses ou herdeiros dos Portugueses?

Portugal está numa fase da sua vida colectiva em que não adianta procurar culpados, num processo em que ninguém está isento de responsabilidades.

Ninguém!
É, pois, por isso importante, apontar o dedo ao que tem que ser corrigido, para que possamos levantar a cabeça e esquecer a humilhação a que alguns políticos deste país nos sujeitaram.

A Portugal não assiste só o problema da falta de dinheiro. Sendo importante o dinheiro, há outros aspectos determinantes, entre eles a autoridade e o trabalho. Aliás, são vergonhosas as expressões que vêm da Europa em que de uma forma clara e objectiva nos mandam trabalhar para sermos credores de respeito e, mais do que isso, da solidariedade que procuramos.

Porque seremos assim?
Que sina é a nossa?
Que identidade a nossa?

E a nossa História nada nos diz
É impressionante o que já fomos e o que hoje não somos.Lembram-se do Tratado de Tordesilhas? Demo-nos ao luxo de juntamente com a Espanha dividirmos o mundo em duas partes: o que descoberto estava e o que ainda faltava descobrir.

D. João II foi a referência da estratégia e da aventura calculada, com Henrique na senda dos descobrimentos.
Porque tínhamos poder e éramos respeitados. E descobrimos o mundo, onde o caminho marítimo para a índia, mudou toda a lógica da navegação mundial e a interpretação geográfica até então conhecida. Não foram só os países que hoje compõem a Lusofonia, que os lusos navegantes descobriram. Andámos, melhor dizendo, navegámos por todo o lado. E descobrimos por todo o lado.
O que fizemos em África, na América, na Índia, na China, no Japão e na Insulíndia, onde Malaca e Timor, foram símbolos da nossa capacidade empreendedora? Por todas aquelas paragens deixámos a marca dos nossos costumes, a presença da nossa língua e os laivos do cristianismo.
Fomos assim.
Perfeitos?
Não!
Mas fortes e respeitados, porque empreendedores. Não dependíamos de muitos e muitos dependiam de nós.

Hoje dependemos de muitos e poucos dependem de nós.

Inverteram-se os termos.
Não aceitamos a autoridade. Confundimo-la com a liberdade.
Não aceitamos personalidades de referência, porque para isso já bastou o antes do 25 de Abril.
Não aceitamos, assumamos isso, uma autoridade que nos governe. Confundimo-la com ditadura.
O Presidente da República não tem poderes, e os poucos que tem, para muitos serão de mais.
Os governos nunca prestam e tem constantes barreiras para governarem.
Os ministros regra geral são sempre incompetentes e assim caracterizados ainda antes de tomarem posse.
As oposições, sejam quais forem e no tempo que for, nunca reconhecem méritos a quem governa.

Fazem-se julgamentos sumários na comunicação social, qual Inquisição do séc. XXI.
São elevados a heróis os pais que fecham escolas porque faltou um auxiliar o que agridem o professor porque ralhou com o menino. Tudo isto impunemente sem reprimenda das justiça, antes consagrados como corajosos em aberturas de telejornais.
A autoridade e o respeito pelo outro, são valores cada vez menos observados na nossa comunidade. Quem os defende é bota de elástico, conservador e antiquado… fascista e ditador muitas vezes.
Por estas e por muitas outras, chegámos onde chegámos.
Repito, dependemos de muitos e poucos dependem de nós. E, os estendermos a mão para pagarmos o que devemos, mandam-nos trabalhar. Uns, dizem-no em alto e em bom tom, outros, na surdina que a diplomacia sugere…

Suprema humilhação! Suprema vergonha a herança que deixamos aos nossos filhos e netos.
Brevemente teremos eleições. Para quê?
Para quase nada!
Tudo ou quase tudo está ou vai estar decidido pelos nossos credores.
Pouco mandará o próximo governo. E, como os outros, que ainda não foi eleito, será incompetente e incapaz. Manter-se-ão as zangas e os desentendimentos entre lideres partidários. E a má educação que os tem caracterizado, onde a Assembleia da República é palco privilegiado.

E a falta de respeito por quem sofre as consequências da crise.
Porque ainda não se aperceberam que o Estado português faliu.
Miseravelmente falido.
Por causa deles.
Por culpa nossa.
E minha também.

É caso para perguntar:
Somos portugueses ou herdeiros dos portugueses?

António Rodrigues

22.04.2011

sábado, 2 de abril de 2011

LIXO


Desde o dia 23 de Março que as taxas de juros para os empréstimos ao Estado Português não param de subir.


Estavam na altura a 7,7%, para, nove dias depois se situarem muito próximo dos 10%. O rating da dívida da república caiu para níveis tão miseráveis que se aproximam da expressão mais desgraçada que (não) se pode dirigir a quem quer que seja, muito menos a um país: lixo!


Também ao nível da banca portuguesa esses mesmos índices já ouviram a mesma adjectivação: lixo.



Foi para o lixo que nos mandaram aqueles que, cada um com a sua quota-parte de responsabilidade, recusaram o PEC que e Europa nos impôs. Impôs a este governo e imporá ao próximo. E com agravantes.


É óbvio que a nossa soberania, pelo menos a financeira, já só existe no papel.



E quem vai pagar e sofrer com tudo isto?


Os do costume.


Aqueles de quem ninguém se lembra quando se tomam decisões que nos levam para o charco. Os que trabalham no duro e pagam impostos, sejam patrões sejam empregados. Os que trabalham sem grande esperança no futuro melhor.


Pelo menos o próximo.



Estão “no lixo” as contas públicas. Está no lixo a dignidade do estado português. Está no lixo a coerência política daqueles que em tempos de votos, fazem coligações atípicas e oportunistas. E fazem-no parlamento também ele atípico e incompetente, mas sob o pretexto da liberdade, da democracia e dos interesses nacionais. Corrijo, partidários.



E o país que está à beira do “lixo” financeiro, carregado de desemprego e crises sociais, permite que empresas públicas, geridas também com dinheiros dos contribuintes, muitas delas com prejuízos constantes, paguem aos seus administradores, centenas e centenas de milhares de euros anuais, a somar a outras mordomias indecorosas.



E estamos também no lixo, porque o pior que pode acontecer a um país é o Povo perder a confiança em que o governa ou na alternativa que se apresenta para a governança.


E é nessa que estamos.


No descrédito absoluto. No mesmo descrédito oferecido pelada I República e que abriu as portas à ditadura.



Hoje o “lixo”, ontem, a “choldra” de Eça de Queiroz, quando se referia à situação politica nacional de então.



Ontem a monarquia, hoje a República.


Mas, tal como Eça salvaguardava, há que dizer alto e em bom tom: o português é extraordinário. Tão extraordinária que tem tido paciência e coragem para aguentar e aturar tudo isto.



Até quando?



Fica a foto como sinal de esperança.


Que não se pode nem deve perder.



António Rodrigues


2.04.2011