A mais pequenina

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Princesa

sábado, 13 de agosto de 2011

Hino à Memória

Desgosta-me que a esmagadora maioria dos portugueses não conheça a sua História. Que ela não seja devidamente estudada e, até, em alguns pormenores, exaltada pelos nossos alunos e pela Nação.

Um povo que não conhece o seu passado, tem dificuldades em ultrapassar os problemas do presente e desacredita no futuro.


No pós 25 de Abril, a história de Portugal, foi renegada de forma estranha, em boa parte dos currículos escolares. Momentos houve, que mais parecia ter-se vergonha dela.

Nenhum governo, à excepção do actual, (ainda não houve tempo) deu ao ensino da História o lugar e a importância que ela justifica. Como é possível moldar-se a identidade de um povo, sem que este tenha conhecimento cabal das suas raízes históricas?


Dizia, o ano passado, o embaixador do Japão em Portugal, em entrevista ao jornal Expresso, não entender como era possível os portugueses não estudarem nem aprofundarem a sua história. No Japão, dizia então ele, os alunos estudam a importância da presença dos portugueses, no séc. XVI, naquele país. Dizia, também, nessa entrevista de Julho de 2010: “estão a perder a vossa memória.”


Podemos perder a memória, mas a nossa História, jamais será apagada.

Vale a pena ler, de seguida, o extracto que ousei transcrever, da autoria de um austríaco (!!!) que escreve assim sobre os portugueses:


“Seja como for: o feito decisivo está concluído. Pela primeira vez foi finalmente possível determinar com exactidão o perfil geográfico do continente africano, pela primeira vez comprovou-se e demonstrou-se, contra Ptolomeu, que se podia chegar à Índia por mar. Na geração que se seguiu ao infante, os seus pupilos e herdeiros tornaram realidade o sonho da vida do seu mestre.

É com assombro e inveja que o mundo volta agora os olhos para este pequeno povo de marinheiros que havia passado despercebido no canto mais recôndito da Europa. Enquanto as grandes potências – França, Alemanha, Itália – se dilaceravam em guerras absurdas, Portugal, essa gata-borralheira da Europa, tinha alargado mil, dez mil vezes, o seu espaço vital; por muito que se esforcem, já ninguém conseguirá pôr em causa este imenso avanço. Da noite para o dia, Portugal tornou-se na primeira nação marítima do mundo, conseguindo garantir, com o seu esforço, não só novas províncias, como também mundos inteiros. Uma década mais tarde, a mais pequena entre as nações europeias irá reivindicar a possessão e a administração de mais área terrestre do que a ocupada pelo império romano na época da sua maior expressão.


… Mas o heroísmo é sempre irracional ou anti-racional; sempre que um homem ou um povo se lançam numa aventura que ultrapassa os seus limites efectivos, também as suas energias aumentam até atingirem um nível nunca antes suspeitado: talvez nunca nenhuma outra nação se tenha unido de forma mais primorosa num único momento de vitória como o Portugal de finais do século XV: de repente, o país não criou somente o seu Alexandre, os seus Argonautas, em Albuquerque, em Vasco da Gama, em Magalhães; criou também o seu Homero, em Camões, o seu Lívio, em Barros. De um dia para o outro, estavam lá os sábios, os construtores, os grandes comerciantes: tal como na Grécia de Péricles, na Inglaterra de Isabel, na França de Napoleão, um povo concretiza, de forma universal, a sua ideia mais íntima e apresenta-a, enquanto feito visível, a todo o mundo. Durante aquela inesquecível hora terrena, Portugal é a primeira nação da Europa, guia da humanidade.”[1]


Seria tão bom que muitos lessem isto!


E, porque não, também os da troika?





[1] Zweig, Stefan – Magalhães, o homem e o seu feito – Assírio & Alvim, Março 2007 – pág. 29 a 31



























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