Assaltaram o poder, a
pretexto de não mais impostos e nem pensar em reduzir vencimentos. E sabiam do
que falavam, porque conheciam bem a situação económica e financeira do país,
disse então o que queria e viria a ser o líder da nossa desgraça. Toda a
esquerda (?) dita radical cantou em coro e foi esse coral que nos arrastou para
uma das maiores desgovernanças da história do país, porque em coro bem afinado
criaram a crise politica que teve as consequências que teve e que continuamos a
viver.
Em 2010, a dívida do
país era 94% do PIB…
E a garotada tomou
posse… com pompa e circunstância, sob a presidência deleitada de um semi-moribundo
Presidente da República… o tal do bolo-rei, que nunca se engana e que meses
antes tinha em discurso solene, dito ao deposto primeiro-ministro, que o país
não aguentava mais sacrifícios e mais austeridade…aguenta aguenta, diria mais
tarde, sem respeito e sem vergonha, um dos representantes maiores dos mercados
e do capital, neste país sem esperança.
E partir daí foi e é
o que se sabe.
O maior ataque jamais
realizado em Portugal aos que trabalham e que vivem do esforço do seu labor. Um
ataque descarado, feito sem vergonha, sem pudor e sem remorsos. Que não
chorassem, como aconteceu com a ministra italiana das finanças ao anunciar uma
“gota” percentual na redução de alguns vencimentos, ainda vai que não vai… mas,
que pelo menos, respeitassem os assaltados. É esta a marca de imagem da gente
que nos desgoverna: insensibilidade social e desvergonha, próprio das gentes
que vivendo bem, pouco ou nada fizeram na vida. Os tais que não sabem
diferenciar uma galinha de um ganso…. Os tais que se assumem neo liberais… um
liberalismo selvático que nenhum partido português, acredito que nem o
“verdadeiro” PSD, defende.
Começaram pois, os
delirantes aumentos dos impostos… sempre ou quase sempre as castigar os mesmos.
Começaram as agressões à dignidade dos funcionários públicos, onde se englobam,
entre outros, os professores e, mais grave ainda, o desrespeito e a traição a
quem trabalhou uma vida inteira e passou a ser, na óptica dessa gente, a
escória da sociedade: os pensionistas e os reformados. Os espoliados da
esperança, traídos na memória dos tempos suados da vida passada.
E a dívida foi
aumentando…
E aumentaram os
pobres e muitos mais pobres.
Muitos, para o não
serem, emigraram em busca da esperança, negada neste país por um líder que convida
a juventude a emigrar… nem toda a juventude claro, porque vale mais um bom
emprego no Banco de Portugal, para o filho de um tal durão, que mil jovens em
busca da vida noutro tempo e fora de casa. Os tais que, noutras paragens e
noutros continentes, beijam os filhos no vidro do Ipad. Estes sim, os heróis de
Portugal, que sem padrinhos e sem durões, sofrem na pele a desgraça a que
também por esta gente foram forçados.
Ao mesmo tempo que o
Povo é assaltado, a dívida pública cresce e cresce. E não só porque baixou o
PIB, pois claro, mas também e muito, porque o Governo que nos desgoverna aumenta
a despesa pública, não parando de a aumentar a dívida do país…
O Povo paga para
impostos.
O Povo paga para as
despesas do Estado.
O Povo paga para os
Bancos e para engordar aos mercados.
A propósito dos
bancos, não podemos ter memória curta.
Temos um Presidente
da República que garantiu, lá do Oriente, que o BES era boa gente e dava
confiança ao País. O tal que nunca se engana, enganou-se e, mais grave, enganou
o País… nem uma palavra de retratamento… outros Povos o teriam demitido. Para
ele, o Povo agora até aguenta mais sacrifícios e mais austeridade… estranha a
mudança de sentimentos.
Temos um Primeiro
Ministro que garantiu a consistência do BES, que estava tudo bem…não haveria problema…
mais uma vez, no meio de muitas, enganou os portugueses. Nem desculpas, nem
demissão… nem demitido.
Temos um Governador
do Banco de Portugal, que garante que o BES tem dinheiro e muito… a tal almofada
salvadora, de milhares de milhões. Mentiu ao país… nem desculpas…nem meias desculpas.
Nem se demitiu, nem foi demitido.
Perante tudo isto,
que mais esperar?
Nada, absolutamente
nada, a não ser cinismo e palhaçada, pois é disso que se trata quando o líder
informa que em 2015 não haverá aumento de impostos. Para além de assaltarem o
Povo, ainda o julga de parvo… todos sabemos que 2015 é ano de eleições.
E a dívida vai
aumentando…
Com tantos cortes,
com tantos e imorais impostos, em três anos a dívida do país passou de 94% para
134% no segundo trimestre deste ano… como foi possível? Como é possível?
De forma lúcida, o
sábio Adriano Moreira, no sua obra “Memórias do Outono Ocidental um século sem
bússola”, caracteriza o momento da seguinte forma: …A atitude do poder político neoliberal repressivo, inclina para um
ataque à difícil unidade de nacionais, povo e multidão, porque lhe acrescenta
politicas de divisão entre gerações, entre ricos e classes média, usando o
incitamento à emigração qualificada e desacreditando a validade do Estado
Social…
Isto é incontestável.
E poderá ser uma desgraça.
António
Rodrigues