A mais pequenina

A mais pequenina
Princesa

sexta-feira, 15 de julho de 2011

A gravata

Estado de graça? Sim, é normal.

Aliás, é desejável que se mantenha, porque seria sinal de que a governança do país irá no bom caminho.

E, para mim, o País é o que conta; primeiro que tudo.

Há demagogia?

Claro que há.

Ela, infelizmente, faz parte do jogo político, e é directamente proporcional ao estado de graça de quem a usa. Convém, no entanto, que não se abuse.

O desejo que temos de ver o nosso País sair do estado em que se encontra, desejo sincero, porque temos a obrigação de deixar algo de bom aos nossos vindouros, sejam os filhos sejam os netos, não nos pode, no entanto, retirar o nosso sentido crítico.

Todo este estado de espírito torcendo para que tudo corra bem, também não nos pode inibir de nos rirmos e espantarmos com alguns comportamentos. Desde logo, o de alguns comentadores, quais vacas sagradas deste país, quais sumidades raras, superiores ao comum dos mortais que nos vão governando.

Como eles mudaram de opinião tão depressa.

Sempre que, há uns meses atrás, uma agência nos desvalorizava financeiramente, lá vinha o fado do ataque a Sócrates, às suas mentiras e à sua má governação.

Veio a troika, abençoada pelos maiores partidos e, com ela, impuseram-se aumentos de impostos e cortes no subsídio de natal. Mais, ao que parece, do que tinham exigido os credores; mas, nem por isso, uma agência dessas que atrás referi, nos deixou de considerar lixo. Como já não há Sócrates, mas há estado de graça e seria injusto acusar o actual governo, o problema agora já não aquele, antes o ataque ao euro e os interesses subterrâneos em proteger o dólar. O incompetente deixou de ser o ex-primeiro, para passarem a ser também as agências de rating.

A volta que isto levou, meu Deus.

Mas se isto incomoda, muito mais incomoda que a RTP, na abertura do telejornal, tenha pela boca de Rodrigues dos Santos, lançado a bomba logo na primeira expressão da noite: SOMOS LIXO.

Primeiro, pensei que a frase faria sentido, pois julguei que o homem se estava a referir à generalidade dos programas que as televisões não vão impingindo. E, como era uma afirmação na televisão…

Afinal, enganei-me. O lixo seria o país e, com ele, todos nós. Por causa da tal agência que assim nos classificou.

Foram poucas as vozes que se insurgiram contra esta ofensa.

Mais do que isso, o termo pegou porque agora, quando se quer criticar qualquer assunto de forma muita negativa, poupa-se nas palavras: é lixo.


Por falar em poupar, hoje fiquei encantado porque uma ministra do governo da nação, que dispensou os seus assessores de usarem gravata, pelo menos no verão.

E porquê? Para se poupar no ar condicionado! Diz a governante.

Faço votos que tudo corra bem, caso contrário, corre o risco de gastar em perfumes o que poupará com a ausência de frescura.

Santa demagogia, que tem honras de primeira página de jornal e atesta quão bom viver em estado de graça.

Aproveitem e que perdure por muito tempo.

Seria bom sinal.

António Rodrigues

14.07.2011

Sem comentários:

Enviar um comentário