A mais pequenina

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Princesa

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

 


Todos merecemos um raio de esperança; brancos e não brancos


São no mínimo indignas e um nojo, as recentes declarações promovidas no parlamento por gentalha que ali chegou fruto da democracia que o Povo lhe ofereceu.
É verdadeiramente alarmante ouvir indivíduos eleitos a incutirem o espírito do racismo, do ódio, da vingança e até da matança. Há 50 anos que o 25 de Abril acabou com o sentimento de posse que alguns tinham sobre os territórios africanos e orientais. Nós éramos os donos dos pretos como então muitos ousavam dizer.
O racismo é o estertor de alguma comunidade que se sente superior, porque teve a bênção de Deus de ter nascido branco e o outro de ser não branco; nada mais ordinário, nada mais vil assim pensar, como se algum ser humano fosse senhor de escolher a sua origem ou a sua raça.
É trilhando e aproveitando o caminho da democracia, que esta gente tem por fito conseguir a sua ditadura. A ditadura onde só os puros da brancura têm direito ao sol que nasce. A tal ditadura que para eles é um desígnio dos céus, o mesmo céu que diz “não matarás”.
Vivo na esperança de que essa gente mesquinha e sem laivos de humanismo, um dia saberá respeitar a nossa história recente; a história dos nossos pais e dos nossos avós que “foram os pretos” de outras nações; precisamente porque a ditadura de Salazar lhes deu a pobreza e a miséria empurrando-os em busca da esperança, a mesma esperança dos nossos imigrantes.
Hoje sinto-me cabo-verdiano; faço parte daquele nobre povo que tem orgulho nas suas lusas raízes. São filhos das escravas da costa africana e dos colonos portugueses, que assim, no séc. XV deram origem à nação crioula. E que nação!

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