A mais pequenina

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Princesa

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

O xadrez da nossa miséria

Este país assusta-nos.

Não pelos portugueses, mas por causa de alguns deles. Dos que pensam que têm poder. Ou que o querem ter.

É revoltante a forma como alguns tratam Portugal. Sempre ou quase sempre pela negativa. Com mensagens destrutivas. O quanto pior melhor generalizou-se. Desde a comunicação social à generalidade das oposições. É hoje assim com o PS no poder; será amanhã assim com o PS na oposição.

Em 2010, Portugal teve um crescimento do PIB de 1,4%.

Foi positivo, não sendo o ideal.

Como abriram as notícias? Portugal encolheu 0,3% no último trimestre de 2010. Ou seja, ignorou-se o todo do ano de 2010, para focar o negativo do último trimestre. Chama-se a isto deturpar e enganar. Chama-se a tudo isto carregar no que já está mal, com algo que até nem é negativo. Mas é isto que vende. É este o nosso vício. Desgraçado e miserável vício. Passamos vida a dizer mal de todos nós.

Numa atitude politicamente agarotada os indivíduos da extrema-esquerda derrotista e folclórica, que nada produzem e muito gastam, anunciaram uma moção de censura. Para serem os primeiros e merecerem o destaque daqueles que deles vão a reboque. Não me Incomoda que esta gente, que brinca com o Povo, o tal que dizem defender, apresente mesmo que a brincar, uma proposta destas. O que me incomoda sim, é que o individuo que manda no grupo venha dizer que Portugal está mais desigual que o Egipto. Sinto náuseas por este tipo provocação.

Por esta maledicência.

Perante esta brincadeira de mau gosto, fico espantado com a reacção daquele que sonha substituir Sócrates. Passos Coelho tinha obrigação de ter mais senso político e mais sentido de Estado. Caiu infantilmente na brincadeira dos outros.

Vamos pensar, - dizia ele - para depois decidir. Ou seja, até podemos alinhar com esta gente radical, para chegarmos ao poder. E derrubar o governo. Embora assim não pensasse seguramente. Mas fica bem criar a expectativa e com ela dominar as manchetes e as expectativas da comunicação social. Fica a ser notícia com tabu de tamanha dimensão. O resto e suas consequências não contam. O país aguentará e quem sofre que sofra. E os juros que aumentem.

Este ainda é o tempo do PS governar, diz agora Passos Coelho. Mas disse-o com a mesma arrogância de que muitos acusam Sócrates. É ele e não o Povo que decide que quem governa e quando governa. Se é assim na oposição, como será na “situação”?

É este o homem que quer garantir a confiança dos portugueses a ser primeiro-ministro?

Esperava mais dele. E isto preocupa, pela simples razão que no estado em que estão as coisas, o mais importante é que se governe bem e se resolvam, no possível, os problemas do país. A situação a que se chegou exige gente boa e capaz de enfrentar os problemas, secundarizando a origem partidária. Gente competente.

E, é por isso, que neste universo miserabilista, dói sentir que tudo aposta na queda do governo. Tudo. Não se aposta na resolução dos problemas do país. Está aí a moda da moção de censura.

E, enquanto se vive neste cenário político, há portugueses que sofrem porque estão desempregados. Há portugueses que sofrem porque lhes cortaram ou reduziram os vencimentos. E há ainda portugueses que sofrem porque vivem sem esperança no amanhã. Há portugueses que trabalham no duro e pagam impostos, como há empresários que sofrem para cumprir as suas obrigações sociais. Tudo isto, perante o desrespeito de alguns dos nossos políticos que, na lógica do jogo do poder, puro e duro, jogam xadrez na esperança que o xeque-mate surja.

Talvez se enganem!

E, já agora, se querem jogar xadrez, mudem de tabuleiro, porque o Povo está farto de o ser.

1 comentário:

  1. Ora aí está! Sem tirar nem pôr!

    O xadrez da nossa miséria!
    Continuo a considerar que não me lembro, desde o 25 de Abril, da nossa qualidade política ter descido a tão baixo nível. Esquerda e direita, extremas, quase se abraçam pela vontade da política da terra queimada. No parlamento é vê-los estridentes em arraial de peixeirada, num tão irresponsável nível que apetece dizer em alto e bom som: não pago mais impostos para isto, porra! Felizmente não são todos e há lá, também, políticos muitíssimo responsáveis e inteligentes - e em todas as bancadas! Por favor, dêm-lhes a voz.

    Sinceramente, esperei ver mais na entrevista de Passos Coelho. A ansieadade da entrevistadora era tanta em saber para quando o fim deste governo que quase se babava nessa teimosia. Passos Coelho esqueceu-se, ou por inesperiência ou por incapacidade, do essencial! Ficou-se pela resposta do vazio profundo em vez de transmitir uma ou duas dicas, pelo menos, de como vai fomentar as exportações, de como vai resolver os nossos gravíssimos problemas da justiça, etc. etc. Ou será que não disse com medo que este governo lhe usurpe as ideias?
    De facto, a imprensa é livre... cada um é livre de poder dizer o que quiser. Mas essa liberdade não é sã se a mensagem que transmite o não fôr. Se essa mensagem é inquinada ela vai, inevitávelmente, contribuir para alguma doença social. Caminhamos para um precipício muito perigoso.
    Considero uma perca de tempo imensa que os dois grandes partidos, numa hora de grande exigências ao país, não consigam entender-se num programa sólido, claro e objectivo. Considero uma pena que, perante tal cenário, as extremas direita e esquerda, consigam ter expressão para gerar a confusão e a desinformação. Só há uma explicação para isto: ainda não acabaram as convulsões dentro do PSD e está tudo à espera de Cavaco Silva, o omnipotente e grande co-responsável pela crise que hoje vivemos, pela sua falta de clareza, pelas suas dúvidas permanentes, pela incredibilidade que permanentemente apresenta em relação às políticas deste governo e pelo seu eterno apetite em governar.
    Fico-me por aqui. Tenho muita pena de isto estar assim!

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