As televisões portuguesas, por
sistema, mostram-nos a miséria, a desgraça e tudo que de negativo temos. Somos
assim… gostamos de nos miserabilizar, mais parecendo proibido termos acesso às
emoções do que de bom acontece na nossa terra.
Judite e Ronaldo deram-nos o exemplo
de uma carga sentimental genuína, em que se comunga emotivamente a desgraça
dela, com o ícone que ele é.
São portugueses que entram na nossa
casa todos os dias e que fazem parte do nosso colectivo.
Judite Sousa mostrou a face da dor e,
muito em especial, no que a dor profunda é capaz de transformar o sofredor. Com
a dor de Judite, percebemos melhor e em directo, a dor de tantas “Judites” que, como ela, sofrem por esse
país fora a drama supremo da perca de um filho.
Ela foi corajosa e inspirou.
Ele, o exemplo de quem não tem
vergonha das suas origens e faz delas com parcimónia, a referência do seu ponto
de partida. É o exemplo do profissionalismo e da exigência com que encara a sua
actividade. Por isso é campeão e o melhor. O melhor da Europa e o melhor do
Mundo.
Hoje, na TVI percebemos (ou não) a dimensão
da vida na diversidade de emoções que ela nos oferece. Ele, no auge da sua carreira
e do deslumbre afirmativo e ela, na cova da tristeza profunda. Foi fantástico
perceber a ternura solidária da forma em como Ronaldo olhava e respondia a
Judite, e arrebatadora a coragem e a força com que aquela mulher encarou o
jovem entrevistado.
Este par de Portugueses ensinou o país a melhor perceber os contrastes da vida. A tristeza suprema fruto da desgraça maior, de mão dada com a força da vida, assente na esperança de que tem 29 anos.
Tal como o malogrado filho da jornalista.
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