Meu caro José Sócrates
Vais desculpar a ousadia desta minha missiva electrónica, mas penso que… bem lá no fundo, acabarás por entendê-la e, porque não, até levá-la a sério.
Aliás, seria desejável que o fizesses.
Todos sabemos, e tu melhor do que ninguém, das dificuldades por que passa este país. E diga-se que mesmo aqueles que não concordam contigo reconhecem que tens trabalhado e lutado para encontrar soluções, sempre na perspectiva de puxar esta lusa pátria para o bom caminho.
Aliás, muitas vezes pareces sozinho a clamar por um pensamento positivo para o nosso país, quando alguns, estranhamente, o caracterizam de insustentável.
A tua coragem é reconhecida, mesmo por muitos dos teus adversários políticos.
Tens pedido e até imposto sérios sacrifícios a todos nós.
Parece que não haverá volta a dar. Compreende-se, e por isso tens tomado medidas nesse sentido:
Tens feito drásticos cortes orçamentais;
Aumentaste os impostos, como por exemplo o IVA (cada vez mais terrível);
Cortaste receitas às autarquias em 100 milhões;
Queres portajar as SCUT, nomeadamente a A23, aqui perto da minha terra.
Por tudo isto, e por causa disto, apresentaste um PEC que em Bruxelas foi aprovado e apreciado.
Enfim, andas num esforço titânico para matares esta maldita crise… A nossa e a importada.
Por falar em PEC, e porque com um facilitismo demagógico se fala por aí em eliminar umas dezenas de câmaras, essas "malditas gastadoras", tenho um para apresentar, aliás uma PEC, uma “proposta especial de contenção”:
Porque não acabas de uma vez por todas, e pela raiz, com esses sorvedores de dinheiros públicos que sempre foram e continuam a ser os Governos Civis…? Porque não eliminas esta apodrecida estrutura representativa do Governo, que de representação pouco ou nada tem? E tu sabes, tão bem como eu, que eles se arrastam penosamente, sem dinâmica política e sem factores acrescidos que tenham reflexos positivos nas populações. Aliás, com essa fantástica medida que tens promovido que são as Lojas do Cidadão, não tenhas qualquer dúvida que os governos civis têm tendência a transformar-se, cada vez mais, em autênticas mercearias de bairro, em que os utentes são sempre os mesmos. Do mesmo bairro, logo, quase todos da mesma família.
E todos sabemos que sempre foi assim. Independentemente dos governos, laranjas ou rosas, os Governos Civis de governo nada tiveram. E nada governaram…
Eis a minha PEC.
Se a levares a sério, e ao contrário das SCUT, das autarquias, entre outras, em que os sacrifícios atingem largas centenas de milhares de cidadãos, estaremos aqui a falar de duas ou três centenas de beneficiados, aliás, prejudicados… os tais do mesmo bairro ou da mesma família…
Com amizade,
Teu camarada e amigo
AR
Creio que a Dra. Sanfona vai explodir com esta PEC.
ResponderEliminarCumprimentos.
Senhor Presidente António Rodrigues
ResponderEliminarPermita que comente o seu post sobre “A Mercearia”.
Li-o, voltei a lê-lo e em linhas gerais concordo com o mesmo apesar de, em minha opinião, quando se refere à “ousadia” da sua missiva, penso que a mesma foi pouco ousada.
Não sei se se lembra quando em 1995 o Silvino Sequeira tomou posse do cargo de Governador Civil, o mesmo ter dito que esperava vir a ser o último Governador Civil do Distrito, certamente na presunção e no desejo que o processo da Regionalização viesse a avançar, o que não aconteceu. Lembro-me perfeitamente daquele vaticínio/desejo. Eu estava lá. Não sei se tem presente esta frase, não sei até se lá esteve, mas há certamente registos do acto que poderão comprovar a verdade do que escrevo. Tudo isto para dizer que estes cargos, que têm vindo a existir desde 1835, há muito perderam a sua razão de ser. Estão esgotados e só existem porque é uma forma fácil, mas muito cara, dos partidos, sejam eles quais forem, de darem emprego temporário a alguns dos seus militantes. Estamos portanto de acordo, em linhas gerais, sobre esta matéria.
Mas a razão deste meu escrito é especialmente para lhe dizer, que estando o senhor tão bem posicionado perante o poder central, como o seu post deixa transparecer pela forma fácil e directa como se dirige ao Primeiro Ministro, poderia, porque não, deveria ter aproveitado esse ensejo para ir mais além em questões que se prendem com a tomada de medidas mais abrangentes para que o combate ao défice e a consequente redução da dívida soberana pudessem obter resultados mais palpáveis, visíveis e rápidos.
Por exemplo, os Orçamentos da PR, da AR, do Governo, dos ainda Governos Civis, das Autoridades, Entidades, Institutos Públicos, das Empresas Públicas e Municipais, etc., deveriam ser reduzidos em 20%;
Por exemplo, a frota automóvel de luxo do Estado, na sua globalidade, deveria ser reduzida em 50%;
Por exemplo o negócio dos Submarinos deveria ser reequacionado no sentido de se avaliar a possibilidade de se desistir do mesmo;
Por exemplo, os F16 encaixotados deveriam ser vendidos;
Por exemplo os helicópteros Puma retirados do serviço activo, deveriam ser vendidos enquanto o seu valor ainda é significativo;
Por exemplo as ideias de se manter a construção do TGV, da 3ª Ponte e do Novo Aeroporto deveriam ser simplesmente congeladas;
Por exemplo, reduzirem substancialmente as reformas com valores superiores 5.000€ seria uma boa medida;
Por exemplo, uma boa iniciativa dos Municípios seria reduzir significativamente o número de Vereadores Municipais em todas as Câmaras do País, o mesmo é dizer-se o número de acessores, secretários e adjuntos, enquanto não se faz a verdadeira reorganização administrativa de que o País carece;
Mas ao invés, alguns investimentos deveriam ser acelerados.
Por exemplo, desenvolver a irrigação à volta do Alqueva para se poder melhorar a balança de pagamentos evitando-se a importação e aumentar significativamente a exportação de hortícolas, frutícolas e floricultura;
Por exemplo, renovar rapidamente a frota pesqueira para se explorar correctamente a ZEE, a maior da UE, evitando-se a importação de peixe e aumentar significativamente a exportação de pescado para toda a UE e até Médio Oriente.
Por exemplo, apostar-se na Ferrovia renovando as linhas da Beira Baixa, do Oeste, do Leste, do Douro, do Tua, do Sul e do Algarve, mantendo-se uma operacionalidade constante na Linha do Norte;
Por exemplo, apostar-se na manutenção da Rede de Estradas ditas Nacionais/Regionais, implementando-se as variantes a cidades e a vilas que vierem a ser definidas como indispensáveis à boa circulação do trânsito nacional e regional, sem se descurar a manutenção das obras de arte, pontes e viadutos.
Muito mais haveria a dizer para que o senhor pudesse movimentar as suas influências junto do poder central. Mas porque não podemos pedir tudo de uma vez, se estas ideias forem por si aceites e partilhadas com o Governo com quem dialoga bem, ainda se pode fazer muito pelo País.
Os meus cumprimentos,
Carlos Pinheiro
17.07.10
Boa tarde meu caro Carlos
ResponderEliminarApesar de não o estar a identificar por falta de elementos, isso não me impede de lhe afirmar que concordo de uma forma geral com o seu comentário e, é verdade, sou um dos presentes, logo testemunha da célebre afirmação (informação?) que o do Dr. Silvino Sequeira nos deu aquando de um encontro no Governo Civil. Tenho a honra, dizia ele, de vir a ficar na história como o último governador civil de Santarém.
Viu-se!!! Os anos que lá vão e os governdores que por lá já passaram...
Cumprimentos
AR
Caro Presidente,
ResponderEliminara minha opinião a partir do seu texto, pode ser lida em www.esquerdocapitulo.blogspot.com
Um abraço
Hugo Cristóvão
E eu a pensar que o AR seria o próximo governador Cívil do Distrito . Fados que a vida tece. Estava enganado... Prontos!
ResponderEliminarJosé Velho
Pois... é capaz de ser isso. Mas nunca se deve dizer que desta água não se beberá. São os tais Fados da vida...
ResponderEliminarVivamos um dia de cada vez!
Na política, hora a hora.
AR