Necas Mourão

Ouvir “The Washington Post March” faz-me recuar no tempo de menino e moço e lembrar o Almonda Parque. O velhinho Almonda Parque. Há mais de quarenta anos… talvez há quarenta e quatro…

E porquê?

Porque, quando ali jogavam os “Amarelos” de então, ali bem junto às margens do Almonda, na rua do Nogueiral, este tema era obrigatório antes da entrada das equipas. Era quase um talismã a que Necas Mourão, o locutor, recorria na sua promoção do jogo e, acima de tudo, na da publicidade. Imaginemos este tema, reproduzido em altifalantes roufenhos, que a voz do Necas interrompia para, entre outros, anunciar “Se sabe o que faz, compre conservas ao Tomás”.

Era o Torres Novas do Hugo Sarmento (que talento?) e de Janos Szabo, do Gregório e do Napoleão. Meu avô Napoleão, o sapateiro do Clube e Gregório, guarda do campo.

Mas também era o tempo de, entre outros, Adelino, Valdemar, Carvalho, Borges e Maia, jogadores de grande talento que marcaram e ainda hoje marcam história do CDTN.

Tempos bons em que víamos os jogos atrás das balizas e nos dávamos ao “luxo” de falar com os guarda-redes de tão próximos que deles estávamos.

Era assim o exíguo “quintal do Zé Maria” encostado às margens do Almonda, onde, com Szabo, o treinador, começámos a dar os primeiros pontapés na bola, já em treino organizado pelo “velho” húngaro que nos obrigava a jogar com um “bolão” de couro cheio de areia… e que nos tratava por “mininos”…

Necas Mourão era na época a voz do Clube… dedicado director e amigo do Clube… durante muitos e muitos anos…

O Necas, que nos aconselhava o Tomás para conservas comprarmos…

Grande Necas que hoje, com saudade, aqui recordo…

Velhos tempos!